Flappy, o palhaço

22:46Drika RiLi


Tenho fobia de palhaços, ver um deles me causa calafrios e me faz querer me afastar o mais rápido possível. Há 24 anos atrás, quando eu tinha somente 6 anos de idade, estava vivendo na casa da minha avó, pois meus pais estavam sempre tendo discussões e minha avó decidiu que era melhor que eu ficasse com ela por alguns dias, enquanto eles se acalmavam. Mas esses 3 dias seriam completamente opostos à palavra “tranquilidade” e se converteram na memória mais horrível de minha vida.


No primeiro dia que cheguei na casa da minha avó, me sentia muito triste por causa dos meus pais, ainda podia escutar como gritavam um com o outro. Minha avó, que sempre me amou muito, me levou até seu quarto, onde havia um baú com muito pó em cima, como se não tivessem tocado nele havia muitos anos. Ela abriu o baú e dentro dele se encontravam muitas bugigangas velhas que já nem me lembro, mas o que mais me chamou atenção foi o que estava lá no fundo: um boneco muito estranho, em forma de palhaço, mas com algumas deformidades, como seu pescoço que era muito mais largo que o normal e seu corpo redondo na parte de baixo. Não tinha um aspecto bonito, mas chamativo. O que mais me chamou a atenção foi o sorriso que ele tinha, o rosto pálido, com olhos pequenos e pretos, tanto que era possível ver seu próprio reflexo neles e os lábios marcados com pintura vermelha muito fina ao redor deles.

Minha avó quis me presentear com um companheiro para que eu não me sentisse sozinho, e a princípio eu aceitei com alegria, já que parecia ser um simples brinquedo. Antes de ir dormir com “Flappy” (que era o nome que pus no boneco), brinquei um pouco com ele no quarto, e em um certo momento, me dei conta de que havia um cordão embaixo de sua camisa, quando levantei a roupa, me dei conta de que era uma cordinha que fazia o palhaço falar.

Obviamente, não pensei duas vezes antes de acionar a cordinha. A princípio, não aconteceu nada, então acionei mais vezes até que o palhaço abriu a boca. Mas o que dizia não eram palavras, eram sons estranhos, como se estivesse quebrado, então, começou a mover a mandíbula de uma maneira um tanto violenta, enquanto esses sons continuavam. Era o barulho mais amedrontador que eu tinha escutado, assim, larguei Flappy num canto e fui dormir com esse som horroroso que não saía da minha cabeça.

No dia seguinte, contei para minha avó o problema de Flappy, e ela o pegou para tentar encontrar qual era o problema. Eu esperei na sala, nervoso por causa daquele som e, sem que me desse conta, o som voltou a tocar, e agora parecia uma senhora chorando desesperadamente, gritando de forma desesperada. Neste momento, tudo que fiz foi tapar os ouvidos para que aquele barulho parasse.
Minha avó estava descendo as escadas lentamente, passo por passo, e estava pálida. Ela se aproximou de mim, me levantou do solo e começou a pressionar minha garganta, tão forte que quase quebrou meu pescoço, enquanto gritava obscenidades e maldições.

Logo me soltou e quebrou o vidro de um velho relógio que tinha, e com os cacos, arrancou os próprio olhos. Enquanto jorrava sangue das crateras de seus olhos, ela cortou a própria mandíbula desde as bochechas, o que lhe deu um aspecto cadavérico impactante, logo, se jogou no chão e começou a bater a cabeça violentamente contra o solo. Primeiro, vi como quebrava os próprios dentes, logo seu nariz, seu crânio... Até que morreu, ensanguentada e destruída no chão de sua própria sala. Neste momento, eu estava em estado de choque, depois de presenciar aquele ato. Tudo o que consegui foi ficar parado observando o corpo de minha avó, e então, subi as escadas, peguei o boneco e saí caminhando para fora da casa tranquilamente. Não chorei nem produzi nenhum som, apenas caminhei para longe daquele lugar.

No dia seguinte, meus pais encontraram o corpo de minha avó, e começaram uma busca incessante envolvendo a polícia, para me encontrar. Até hoje não sei quanto tempo fiquei perdido, apenas sei que, quando meus pais me encontraram, eu estava dormindo ao lado do boneco, em uma praça escura muito distante da casa de minha avó. O mais impressionante foi que eu não estava com nenhuma marca, enquanto o boneco tinha as mãos, a boca e a roupa sujas com o sangue de minha avó.


Via: Loucifre

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